Um afro-brasileiro na noite italiana!

Após ter ganhado o prêmio de blogueiro 2010 da ESPROVAL e ser contemplado(?) com dois ingressos para participar da noite italiana ( morri com "setenta mangos", lembra?). Eu, um verdadeiro afro-brasileiro, de pele, alma e coração escuros, cabelo "rasta-bonito", a lá Bob Marley, decidi deixar por uma noite o "reggae" de lado e ir curtir as românticas canciones ítalo-sicilianas. Devo confessar a todos que a princípio, com receio de haver alguma "venganza camorra" no curso da festa italiana (tipo aqueles tiroteio no filme O poderoso chefão!), a patroa quis saber se não dava pra pedir emprestado um coletezinho á prova de bala aos jogadores militares da ESPROVAL (Paulo "japão", Marcelo "enceradeira" e Santana "papagaio"). Eu disse á Lucimar, a minha cara metade, que tal idéia não fazia sentido:

"__Amor essa festa é tipo uma fantasia. Campo Grande está longe de ser uma Terra Nostra, uma Sicilia brasileira. De poderoso chefão lá na festa só o nosso querido professor Valdecir (bonequinha(?), que cumpre com muito medo as ordens da elegantérrima e simpática "mama" Cacilda Machado!"

KKKKK "Poderoso chefão com medo da mama Cacilda!" KKKKKKKK!

Depois desta gracinha, a patroa mostrou-me que, ao menos ela, não estava mais pra brincadeiras naquela noite! Fez manicure, pedicure, chapinha , passou rímel, maquiagem (sombra, blouche, lápis e etc e tal); escolheu um "longuete" preto aveludado com riscas prateada, gargantilha de ouro no pescoço, um sapatinho fechado com salto fino (última novidade da moda feminina!)e fez um "coque" no cabelo, que lhe caiu bem como uma luva!

Para arrematar o visual, como a noite estava fria, jogou sobre ombros uma pequena echarpe, que lhe deu o ar de uma madame! A nega tava um luxo só!

Com a intenção de impressionar a patroa, entrei dentro de uma calça social branca feita de linho, enverguei uma camisa bordô de mangas compridas, meti as patinhas dentro de um pisante marrom de couro alemão importado, defini a cintura com um cinto marrom esporte fino com fivela prateada, aspergi no pescoço e nos punhos um legítimo perfume francês, aquela escovada nos dentes e estava pronto pra festa.

Com essa "garibada no esqueleto" fui dar o ar da minha graça na festança e comelança caritativa.

Tivemos como companheiros de mesa, os compadres João Mianuti e sua esposa Yone. Boa companhia, bom papo, boa música. De entrada vários tipos de queijos e uma torrada com um patêzinho, que estava gostoso pra dedéu. No prato principal serviu-se quatro tipos de massas e saladas.

Tudo muito gostoso e perfeitamente organizado! Registramos no evento a presença dos jogadores Jaime "C.Suco", esposa e filha, o craque de bola e empresário dos juros/dono de caminhões "Marcinho Caneta" e esposa, "Zé Tromba-tromba" e sua simpática, bonita e elegante esposa Sueli, Jorge Batista, Zelma, o blogueiro sem matérias Paulo "Gaúcho" Brum, o professor Valdecir (bonequinha?), Martins e esposa, Tião do grupo da Igreja e família.

Após o jantar, eu e a dignissima resolvemos mostrar nossas habilidades motoras e dançamos coladinhos no meio do salão

"ao som deste bolero vida vamos e não estamos sós..."

( E não é que o Gonzaguinha quase arrebenta meu coração?)

Lá pelas duas e meia da "madruga", quando restavamos, eu, a dignissima, os organizadores e os garçons juntando as mesas, desconfiados que o baile tinha chegado ao fim, resolvemos ir embora para o recesso do lar. No caminho, a bordo do possante, descalça (salto é elegante mas cansa pra caramba!), encostadinha no meu ombro a patroa sussurrou-me ao pé do ouvido: "__Amor, enquanto os "negão" não inventarem uma festa dos "pretinhos", continuaremos a comer "macarrone" e a dançar nesta "legítima" festa siciliano-brasileira!"

Foi daí então que pensei: "É, minha neguinha, é bom eu continuar escrevendo bastante pra ver se na próxima eu sou verdadeiramente contemplado, e não tungueado, com dois convites da festa napolitana!"