terça-feira, 23 de outubro de 2012

Aventuras rurais de um feriado prolongado!




"...Tô indo prum lugar todinho meu/ Quero uma rede preguiçosa pra deitar/ Em minha volta sinfonias de pardais/ Saudando a majestade, o sabiá..."

Como já pe sabido na Escolinha do Professor Valdecir, o nosso querido maestro querendo, ainda mais, estreitar os laços de bofagem com o "Companheiro" Sílvio Romano, compraram em sociedade matrimonial uma chácara de trinta e cinco hectares para o cultivar de "mandiocas" e "pepinos"!
Loucos por terra, é nesse pequeno pedaço de paraíso que os dois mancebos tem gastado seus finais de semanas e feriados. Lá rola uma viola, uma pinguinha e um tereré. No balanço preguiçoso de uma rede os dois curtem extasiados esse oásis rural.  "....É de madrugada, é de madrugada, que o galo canta/ É de manhã cedo, de manhã cedo, ninguém levanta..."
Não é, pois, que dias desses, no entremeio do feriado, o Maestro In-gua-in Alziro acorda tarde e resolve dar uma capinada na mandioca plantada no rancho. Cabeça ainda meio zonza da bebedeira da noite anterior, o Maestro bastante vestiu a camisa quadriculada de manga longa, a velha calça Jeans que fora prudentemente guardada para a labuta do campo, colocou sobre a cabeça o chapéuzão de "paia", muitas vezes usados nas festas juninas do Sindijus,  calçou, com muita dificuldade, a galochinha de borracha número trinta e quatro e foi cuidar de sua obrigação. A enxadinha comeu solta no terrão! Lá pelas tantas, suado em bicas, cansado da lida, o Maestro resolve voltar para o barraco para descansar. Chegando lá tratou logo de tirar a camisa quadriculada. Para ficar mais a vontade ainda decidiu, também, descalçar os pés!  Afinal, seria um alívio supremo descalçar dos pés numero trinta e nove, a galochinha numero trinta e quatro!
De repente, um problema inesperado! Quem já calçou em alguma oportunidade em sua vida uma bota de borracha, também conhecida como  galocha  sabe da dificuldade de tirá-la do pé!  A impressão que dá é que a mesma por ser de borracha "amolda", indevidamentre, ao pé da gente!
Isso, meus amigos, quando a galocha tem o tamanho exato do pé da gente, já é, com o perdão da palavra, um saco tirar, imaginem então o problema trinta e nove X trinta e quatro que tentava equacionar o nosso querido Maestro In-gua-in Alziro.
Tava lá a galocha calçada ao pé do nosso amigo, parecendo mais uma segunda pele. Colada feito chiclete no cabelo! Uma perna dobrada sobre a outra, os braços estendidos, usando toda a força possível e nada.
A danada parecia ter nascido junto com ele!  O jeito foi pedir ajuda ao "Companheiro" Silvio Romano.
O Maestro se ajeitou no banco e o "Companheiro" Silvio Romano fez as vezes de puxar a galocha, na tentativa de descalçar o amigo. O "Companheiro" se retorcia de tanto fazer força, o banco onde estava sentado o Maestro era arrastado para junto de Silvio Romano e nada da galocha arredar um centímetro de seu pé. Essa penúria podológica ja se arrastava por cerca de quarenta minutos. Foi daí então, que no auge do desespero, o Maestro resolveu fazer uma última e arriscada tentativa.  O "Companheiro" Silvio  admoestara seu bofe que o plano tinha noventa e nove por cento de chance de dar errado. Nada demovia o Maestro daquela idéia que tivera.  Ou era isso ou aquela maldita galocha trinta e quatro no seu pé trinta e nove iria lhe causar uma grangrena. A bem da verdade, é necessário que se diga que a canelinha branca do Maestro estava, estranhamente, tomando uma perigosa coloração azul-roxeada.
Decidido o Maestro começou a por em execução o seu arriscado e último plano "SALVA CANELA DE GRANGRENA"!
Principiou por achar uma árvore de estatura média, que fosse resistente e que tivesse uma forquilha formada de galhos. Depois de vistoriar as árvores da propriedade, achou por bem utilizar uma goiabeira, posionada do lado esquerdo da entrada da propriedade. Achada a árvore, ergueu a perna e meteu o pé por entre a forquilha de galhos. Com a perna esticada, como se tivesse sido "estatuado" num golpe de capoeira, o Maestro deu início ao esforço para se livrar da incômoda galocha trinta e quatro metida indevidamente num pé tamanho trinta e nove. E dê-lhe esforço! E dê-lhe esforço! A face branca do Maestro já estava vermelhinha igual a um pimentão! E não é que o pé direito  foi finalmente liberto da grade galochinha!!!
Vermelho e cansado, o Maestro gritou: "__Viva independência do meu pé direito!"
Ainda faltava dar liberdade ao pé esquerdo do Maestro.
La foi de novo, nosso intrépido guerreiro, tentar se livrar da grade galochinha que tornava cativo o seu pé esquerdo! Perna esticada, pé entre a forquilha e dê-lhe esforço! A goiabeirinha até vergava e nada da danada se soltar do pé do Maestro. Na última e louca tentativa o Maestro jogou com toda a força quanto podia todo o peso do seu corpo para trás e a lazarenta se soltou! Se soltou, não sem antes, causar uma lesão no tornozelo esquerdo do Maestro.  Manquitolando e com dores, o Maestro procurou uma mata fechada, reserva da propriedade e com a cara tinindo de bravo, mandou a galochinha "á puta que pariu!" bem longe, no meio da mata fechada, enquanto gritava: "___Viva a liberdade dos meus pés!"

4 comentários:

paulo brum disse...

Sei não, Guima....Essa história de "RECANTO RURAL BUCÓLICO" de propriedade de dois bofes.....ainda vai render muitas histórias e, por que não, muitas poesias e músicas do maestro In-guain-Alziro.

Hélio Machado disse...

Como atual treinador do amigo Maestro Alzirê, lá naquele time onde visto a capa corintiana, estava eu meio sem entender o penalty que nosso personagem cometeu em cima do Reneu Gaúcho no sábado passado. Agora, lendo este conto gaudério vejo que a galocha apertada foi quem causou a ira-traumática que desencadeou a jogada radical...

Ingua_in Alziro disse...

Essa estória é a pura expressão da verdade. O meu pé ainda está lesionado. Sábado passado tentei jogar, professor Machadinho, pêro, não acertei um lançamento, nem um passe certo, e, pra acabar, quando o árbitro viu que eu naum tava fazendo nada direito, sesolveu dar uma força. Me ajudou a cometer um "pênalti". rsrsrsrsrsrs

Ingua_in Alziro disse...

Mas a bota não era cor-de-rosa, Guima. Sou corinthiano, meu!